Reinos divergentes


"Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;" (Mateus 6:10)

Através da observação de textos descritos em Mc 12:17; João 19:10,11, o homem pode aprender com a Bíblia Sagrada como o Senhor tratava as questões que para muitos ainda são confusas e como antes servem para muitos de tropeço para uma compreensão de vida cristã plena: "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele." (Marcos 12:17); "Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado;(João 19:10,11).  Tanto em Marcos 12, como em Mateus 22, os textos que se referem ao contexto da resposta exata do Senhor Jesus, relacionam-se com a questão da diferença dos reinos dos homens e de Deus. Há uma série de tentativas para fazer com que o Senhor Jesus caia em contradição quanto a tradição e interpretação da Lei como está escrito: "E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem nalguma palavra." (Marcos 12:13) Entre os temas abordados aparecem a ressurreição, grau de importância entre os mandamentos, mas o que chama atenção no texto é forma que o Senhor ensinava sobre o Reino de Deus e a forma que os homens explicavam o seu reino humano mesclando com o que era de Deus nas Escrituras. Fica muito claro isto quando em Marcos está descrito a pergunta capciosa quanto a ressurreição, os homens não explicavam segundo o que era espiritual mas antes apropriavam-se de uma situação humana, mesmo que sendo hipotética, para exemplificar que seria impossível acreditar em ressurreição (estes não acreditavam na ressurreição dos mortos), como se pode ver no texto: 
Então os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele, e perguntaram-lhe, dizendo:Mestre, Moisés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguém, e deixasse a mulher e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher dele, e suscitasse descendência a seu irmão. Ora, havia sete irmãos, e o primeiro tomou a mulher, e morreu sem deixar descendência; (Marcos 12:18-20). 
Os saduceus são surpreendidos com a visão de Reino de Deus que Jesus lhes mostra ao dar as explicações sobre ressurreição no Reino Deus, ao ponto dos saduceus não mais lhe perguntarem nada. Jesus deixa claro que os que estavam lhe questionando por mais que tivessem suas conclusões erravam por não conhecer o Poder de Deus e nem as Escrituras: "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?(Marcos 12:24), mostrando-lhes assim o que diziam as Escrituras (que eles não atentaram antes pois não o questionaram): "E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é de mortos, mas sim, é Deus de vivos. Por isso vós errais muito."(Marcos 12:26,27). Um texto no livro aos Romanos, mostra também a confusão religiosa que muitos tinham quanto ao que se deveria ser permitido de alimento entre os cristãos:"Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu."(Romanos 14:2,3). Ao continuar a ler o texto aos Romanos observa-se que havia confusões quanto ao que seria espiritual e carnal envolvendo o Reino de Deus, assim Paulo da sua interpretação bem concisa quanto o Reino de Deus: "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."(Romanos 14:17)

Quanto a comparação de grau de importância entre os mandamentos, a resposta do Senhor Jesus aos homens que o questionava sem dúvida foi de uma excelência divina, pois coloca o homem que obedecer o que Jesus ensinou, em um patamar elevado sociedade perfeita. Imagina-se uma civilização formada por homens que cumpram o que Jesus ensinou, como a civilização ideal: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes."(Marcos 12:30,31), seria uma civilização que estaria além da compreensão que temos de justiça e ordem. Mas o que chama atenção também é que o escriba ao responder a Jesus em forma de comentário quanto a resposta do Mestre e Salvador, lhe mostra que compreendeu bem a relação dos mandamentos, com isso Jesus lhe responde que ele o escriba não estava longe do Reino de Deus: 
E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele; E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada. (Marcos 12:32-34)
Ao olhar também para Mateus 22 onde este texto "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." (Mateus 22:21) e outros textos mais se encontram também, textos que estão para mostrar ao homem, como é a visão do Reino de Deus. Também permitem perceber a forma superior que o Reino de Deus está sobre o reino dos homens, mas em alguns pontos vemos convergências que apresentam-se como pontos visíveis e comuns entre os dois reinos, isto faz com que muitos acreditem até que daria para juntar os reinos e se fazer um excelente governo. Engano gravíssimo, mesmo que compreendendo a explicação do Mestre Jesus como o Escriba os homens que militam nesta vida e para os reinos deste mundo, vão chegar apenas próximo ao entendimento do Reino, como Jesus disse ao escriba, "E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus." (Marcos 12:34) 

O que as Escrituras tem a ensinar com estes exemplos simples de comparação entre os reinos dos homens e Reino de Deus? A resposta é simples, talvez por ser tão simples é ignorada por tantos que queiram sofisticar a mensagem da Cruz de Cristo. Os reinos não se misturam, e um reino é superior e maior que o outro este é o Reino de Deus. A tentativa de inserir um reino dentro do outro é uma forma de prepotente do homem que deturpa o  sacro, ao tentar mostrar-se perfeito em suas atitudes e decisões quanto a sua forma de ver a vida e os homens com julgar o que é divino, uma blasfêmia apenas isto. 
Olhando para o que já foi descrito e comentado quanto as comparações e interpretações do Senhor e as interpretações dos escribas, quanto ao mesmo tema observado, claramente percebe-se que o homem está distante da compreensão do que vem a ser o Reino de Deus, mesmo que alguns estejam próximos a vida ideal inserida no Reino como disse Jesus ao Escriba, ainda não é o ideal. A visão de Reino que Jesus traz não se resume apenas a uma filosofia de vida, mas uma ideia de soberania sobre os acontecimentos, soberania sobre o entendimento do certo e o errado, como se pode observar ainda no mesmo texto de marcos: "E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento."(Marcos 12:41-44). Para muitos a crítica seria quanto existir ou não necessidade desta pobre viúva ofertar, já que estava desprovida de sustento depois disto, porem a observação feita por Jesus a transformou em protagonista e exemplo a seguir , desafiando assim o olhar dos homens quanto ao que vinha ser o ofertar ao Senhor, ficou claro em seu exemplo que a oferta estava no coração daquela mulher e não em suas mãos.

Outros textos também permitem com clareza o leitor perceber a miopia que o homem possui sobre a visão de Reino de Deus. O texto descrito em (João 19:10,11) demonstra que Pilatos não conhecia nada sobre a Soberania do Deus dos Hebreus, não era para ele revelado nada sobre o homem que ali estava a sua disposição para o castigo e morte. A resposta de Jesus para Pilatos foi ao seu tempo para ele Pilatos, mas ao lermos a Bíblia neste trecho é uma resposta a arrogância do homem de querer entender que o poder, sobre o que é divino, espiritual, transcendente é possível. Assim como Pilatos muitos tratam Jesus e sua obra redentora apenas como parte do reino dos homens, "rei dos judeus", é o que fica do olhar e perspectiva humana, quanto a interpretação de reinos. Mas diante de Pilatos esteve o Rei dos Reis Senhor dos Senhores, e um dia, Pilatos estará novamente diante de Jesus, mas desta vez para ser julgado.

Baseado-se nestes comentários sobre as formas e perspectivas diferentes de observar os reinos, de observar a história e autoridade dos homens, quanto ao que está nas suas mãos, para decidir ou interpretar a vida humana e sua breve passagem terrestre, consegue-se abordar assuntos bem presentes do nosso tempo, com o que diz respeito a política e decisões de muitos, em fazer parte das decisões governamentais como cristãos ou não, como também o papel da igreja do Senhor nos diversos temas que surgem com respeito a vida, ética, autoridade. Claramente as Escrituras permitem para os nossos dias entender que os ideais e a causa da luta dos que estão enjangados na política, onde se governa para todos e não apenas um público, são extremamente diferentes dos ideais do Reino de Deus, onde toda a honra e glória é direcionada ao Rei dos Reis e Senhor. Por algumas vezes podem existir pontos de convergências entre os dois reinos, o de Cesar e o de Deus, mas será sempre direcionado por Ele mesmo o Senhor e Soberano para seus propósitos eternos. Por isto torna-se um erro teológico grotesco, a ideia de entrar na vida política, como envolver-se com os poderosos desta terra para governar, simplesmente por pensar que estará fazendo a vontade de Deus, tornando-se assim um auxiliar nas decisões do Soberano, um instrumento nas mãos de Deus como foi Davi para o povo de Deus. O indivíduo precisa entender que por ser um cristão, não faz dele um instrumento político escolhido por Deus para governar, pois na história bíblica os reinos deste mundo não foram todos governados por fiéis ao Deus dos Hebreu, mas foi concedido aos mesmos autoridades do auto para governarem, e quando não serviam mais aos propósitos divinos foram depostos de seus lugares de honra, aliás honra é algo sério quando desafiado o Deus dos Hebreus diante das nações. Desta forma, pensar ser um José do Egito, um Daniel na Babilônia, como alguns alegam ao defender seu lugar na política é o mesmo que dizer que se submetem a linhagens de "faraós" e "Nabucodonosor", pois o Soberano permitiu que sobre eles repousasse a autoridade para governar. Por isto é um  erro de interpretação quanto os atributo Divinos onipresença, onipotência, onisciência, achar que Deus necessita de cristãos para governar o mundo, se for pastor político ainda, o erro é bem maior pois aparece aí a confusão clara de que não sabe para o que foi chamado. 

Com isto não se quer dizer que aquele que serve ao Senhor não poderá seguir carreira política, não poderá ser alguém influente nos governos,  mas apenas discordando que o Senhor Soberano possua algum tipo de necessidade, muito menos a necessidade de líderes políticos que o conheça para que seja feita a sua vontade, sua vontade será feita os homens o conhecendo ou não. Sabe-se que da história de Reis governados pela vontade de Deus e para propósitos espirituais, principalmente direcionados ao Messias e seu Reino, temos registros quanto ao povo hebreu, nação escolhida, reis de Israel, reis de Judá. poderá levar a sério que uma nação que declara-se cristã é povo escolhido? Lógico que esta literalidade está fora de cogitação, pois o único povo que experimentou esta escolha foi Israel e a este povo lhe foi passada a Lei mais excelente de todas as leis dos outros povo segundo o próprio Deus: "E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?"(Deuteronômio 4:8). É certo que os gentios que aceitam a Palavra de Deus como verdade, são ovelhas de outro aprisco que o Senhor já avistava na sua onisciência, mas deve-se ter o cuidado de não se apropriar-se de promessas que foram exclusivas ao povo hebreu, pois ao fazer este tipo de apropriação entende-se que a escolha é do indivíduo e não de Deus, outro erro gravíssimo, pois a única escolha que possui validade é a de Deus, Ele é o Deus Soberano que se revela.  Então é necessário o entendimento de que o Soberano esta no controle com cristão no governo ou sem cristão no governo, a igreja de Cristo é respaldada pela Palavra de Deus e está a sombra do Onipotente, nunca por governos e homens.

A função da Igreja sempre foi estar de joelhos e com sua atitude respaldada na Palavra de Deus, apresentando assim os líderes nas mãos poderosas do Senhor, assim ensinou os que Deus entregou o cajado para conduzir os cristãos no inicio da era da igreja: "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;"(1 Timóteo 2:1,2). Ao trocar estas atitudes por acreditar em candidatos políticos, caiu no erro de transferir parte de sua fé a um homem, quando deveria viver por fé e assim cumprir seus deveres cívicos, pois votar é um é um dever cívico. Ao longo da história os cristãos entraram na cena politica do mundo e realmente muito se fez para se ter um mundo mais "civilizado", (pode ser que não seja esta a palavra certa para colocar aqui, pois civilização está além da ideia de um único modelo de povo ou nação), mas fica claro também na história que por séculos ambos pagãos e cristãos envolveram-se em atrocidades em nome do que acreditavam ser o correto. Até onde estará a mão de Deus ou se estaria a mão de Deus até hoje é material de estudo. O que podemos afirmar é que seus propósitos não podem ser impedidos, nenhum dos propósitos, então não serão pastores ou bancadas evangélicas que impedirão alguma coisa ou aprovarão alguma coisa. Lembrando que estes que hoje estão lá começaram apoiando os que agora estão sendo julgados e alguns condenados mostrando assim o quanto que política democrática é complicada, é regida por homens e sua bíblia é uma constituição, o Reino de Deus é Soberano sua carta magna para os homens é a Bíblia Sagrada. Homens se corrompem Deus é incorruptível, orar pedindo que venha o Reino de Deus quando se quer fazer a própria vontade, não é nada cristão.

Presbítero
Israel Lopes

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